A Comissão Europeia divulgou recentemente uma proposta que visa responsabilizar a indústria têxtil pelos custos de gestão de seus resíduos. A ideia é que as empresas que comercializam roupas, calçados e outros têxteis assumam a responsabilidade pelo ciclo de vida completo de seus produtos, seguindo o exemplo de outros setores, como embalagens, baterias e equipamentos eletrônicos.
Com o que está sendo chamado de “imposto da economia circular”, espera-se que as companhias acelerem suas iniciativas de coleta, reciclagem e reutilização de materiais. A União Europeia produz anualmente 12,6 milhões de toneladas de resíduos têxteis, dos quais apenas um quinto recebe destinação correta após o descarte pelos consumidores, resultando na maioria sendo enviada para aterros sanitários ou incinerada.
A proposta ainda precisa ser votada no Parlamento e no Conselho Europeu, mas já tem como um dos principais alvos as grandes redes de fast fashion, como H&M e Zara. Virginijus Sinkevičius, comissário de meio ambiente da UE, ressalta que não é possível proibir as pessoas de comprar coisas novas, mas é essencial garantir que essas peças não sejam descartadas de maneira inadequada, como incineração ou envio para outros países.
Ao mesmo tempo, em dois anos, entrará em vigor outra regra da UE que exigirá que os países-membros implementem sistemas de coleta específicos para resíduos têxteis. O valor cobrado das empresas será proporcional ao custo associado ao tratamento de cada material, com o intuito de incentivar a produção de peças mais sustentáveis, seja na escolha de matérias-primas ou nas possibilidades de reaproveitamento após o consumo.
O problema ambiental gerado pelo modelo de fast fashion tem recebido críticas ao redor do mundo, pois promove o consumo excessivo e não é transparente sobre suas consequências sociais e ambientais. A indústria da moda, considerando toda a sua cadeia de produção, é responsável por quase 10% das emissões globais de gases de efeito estufa.
A Europa estima que o consumo anual de roupas e calçados aumentará de 63 milhões de toneladas registradas em 2019 para 102 milhões de toneladas até o final da década. A fim de combater essa tendência, a Comissão Europeia está comprometida em promover a circularidade e a redução do desperdício na indústria têxtil, buscando soluções sustentáveis para enfrentar os desafios ambientais que essa indústria enfrenta.
Christel Delberghe, diretor geral da EuroCommerce, que representa o comércio varejista no bloco, reconhece a importância da circularidade e da redução do desperdício e estima que serão necessários € 35 bilhões até 2030 para promover a economia circular no setor, com subsídios e regulamentação harmonizada acompanhando esse processo.
Fonte: Meio Sustentável